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7 práticas para manter a qualidade do grão e evitar perdas na colheita

Durante a segunda safra, muitos agricultores costumam deixar o milho por mais tempo no campo com a finalidade de economizar e diluir custos com secagem e armazenamento.

Nesse período, na maioria das regiões Centro e Norte, as precipitações próximas à maturidade fisiológica e colheita são mínimas, mas na região Sul podem ocorrer períodos de excesso de chuvas, favorecendo o aparecimento de problemas relacionados a qualidade de grãos.

Além disso, a maior exposição do milho no campo, após a maturação, intensifica possíveis problemas de quebramento e acamamento de plantas.

Para alcançar a qualidade desejada dos grãos é preciso considerar fazer uma seleção adequada de híbridos, ter conhecimento sobre o ambiente e realizar o monitoramento da área para, se necessário, antecipar a colheita.

Confira as 7 práticas que devem ser realizadas para manter a qualidade do grão e evitar perdas na colheita:

 

1. Selecione os melhores híbridos

A escolha de híbridos com alta qualidade de grãos deve ser vista como o primeiro passo para alcançar bons resultados. É fundamental contar com um conjunto de híbridos que combinam um bom pacote de características agronômicas.

Um híbrido que apresenta tolerância à podridão de grão possui uma característica importante na preservação da massa do grão e na armazenagem.

Também conhecida como grão ardido, a podridão de grãos é ocasionada por diferentes patógenos, por isso, é importante conhecer o histórico da região para fazer uma escolha inteligente em relação aos híbridos.

 

2. Conheça o ambiente

A escolha do híbrido mais adequado está diretamente relacionada ao conhecimento do ambiente, porque alguns fatores ambientais podem ampliar as chances de entrada e desenvolvimento de patógenos. São eles:

  • plantios em que a fase de pré-florescimento coincida com chuvas excessivas ou em que o início do período de perda de água dos grãos aconteça durante temperaturas amenas e/ou chuvosas;
  • alta incidência de pragas na espiga;
  • e falta de rotação de culturas.

Esteja atento:

Hospedeiro com inóculo inicial + condição ambiental favorável = maior risco de ocorrência de grão ardido.

 

3. Monitore a área

O monitoramento das condições da lavoura auxilia na definição do momento correto para realização da colheita.

Quanto maior a exposição do milho na lavoura maiores as chances de apresentar problemas de colmo, raiz ou podridão de espiga.

Para identificar colmos frágeis aperte o primeiro ou o segundo internódio acima da superfície do solo. Se o colmo do milho ceder, isso indica estádios avançados de exaustão de colmo.

Outra técnica utilizada consiste em empurrar a planta de milho para o lado entre 20 e 30 cm na altura da espiga. Se o colmo dobrar próximo à base ou se não retornar à posição vertical, é sinal de ocorrência de podridão do colmo.

Para a realização dos testes é preciso checar 20 plantas em 5 pontos distintos do talhão. Estando 10 a 15% dos colmos apresentando podridão, o talhão deve ser colhido antecipadamente.

Problemas de raiz podem ser identificados no campo com a morte prematura da planta. Ou seja, quando as demais plantas estão em fase de enchimento de grãos, as plantas com problemas de raiz tendem a morrer antes, não completando o enchimento dos grãos e deixando a planta a mercê de outros patógenos e ao quebramento e acamamento.

A podridão da espiga pode ser avaliada tirando a palha das espigas de 5 plantas em 5 pontos do talhão para verificar a presença de insetos ou início de podridões. No caso de problemas severos, considere a colheita antecipada para reduzir a multiplicação de pragas e podridões.

 

4. Planeje a colheita

Para evitar futuros problemas, o planejamento deve ser realizado antes do plantio, levando em conta o tamanho da área plantada, as culturas e variedades presentes, a disponibilidade de máquinas e silos, entre outros.

Para o planejamento do momento certo de colheita, com máximo potencial, também é necessário compreender o modo como a planta se desenvolve.

 

5. Conheça os estádios de desenvolvimento da planta

Conhecendo os estádios de desenvolvimento da planta, é possível saber o quanto haverá de perda de umidade por dia após o enchimento dos grãos até a colheita e quais riscos se corre caso a colheita atrase.

A partir do estádio R5 ocorre o enchimento dos grãos, o que é facilmente percebido em função da formação da “linha do leite”, que avança da extremidade do grão em direção a base (imagem 1).

 

 

Imagem 1. Formação e avanço da linha do leite. Foto: Steve Butzen, Pioneer.

 

Em R5, a umidade do grão é alta, aproximadamente 55%. Nesse momento ocorre o rápido acúmulo de amido e incremento de massa seca do grão até seu máximo enchimento.

No final de R5, está o chamado ponto de máximo peso de grãos (matéria seca) e o avanço ao estádio R6.

No início de R6, com seu peso seco máximo, os grãos encontram-se com umidade em torno de 35%, e já são considerados maduros fisiologicamente.

Nessa fase, as células na ponta do grão perdem a sua integridade e rompem causando a formação de uma camada de abscisão comumente chamada “camada preta” (imagem 2).

 

 

Imagem 2. Camada preta. Foto: José Carlos Madalóz

 

A partir da secessão do ligamento do grão com a planta, inicia o período de perda de umidade do grão.

 

6. Identifique o momento certo de iniciar a colheita

Deixar o milho secar no campo para economizar com transporte e secagem pode trazer consequências negativas para a produtividade e qualidade, além de perda do ponto ideal do potencial produtivo do milho, que fica entre 21 e 25%.

A colheita do milho deve iniciar quando estiver com 25% de umidade.

Áreas onde são cultivadas outras culturas, podem ter a colheita antecipada quando a umidade do milho estiver entre 28 e 29%.

Monitore a umidade e as condições do talhão a partir da maturação fisiológica.

 

7. Entenda o período de perda de umidade do milho

A taxa de perda de umidade é influenciada pela temperatura do ar, ventos, umidade relativa e teor de umidade do grão.

Características do híbrido como empalhamento, orientação da espiga, população de plantas e dureza de grão também interferem na velocidade da perda de umidade.

Durante os primeiros 20 dias após a maturação fisiológica há uma perda, em média, de 0,69% de umidade por dia. Nos 20 dias seguintes, a perda é de 0,44% por dia.

No período de perda de umidade, podem ocorrer chuvas, causando o molhamento das palhas e o recobrimento do grão por alta umidade. Para a retomada da perda de umidade do grão, primeiro é necessária alta demanda de calor/energia para a perda da umidade da palha e da umidade ao redor do grão.

Períodos chuvosos, por favorecerem o acúmulo de umidade na espiga, podem proporcionar o desenvolvimento de fungos e o aparecimento de grãos ardidos.

A condição estrutural da planta é um ponto importante, uma vez que a repetição de perda e ganho de umidade pelo colmo favorece o aparecimento de fungos, provocando sua deterioração e, consequentemente, a sua quebra – situação que dificulta a colheita mecanizada.

 

Os efeitos do atraso da colheita

Na safra 2012/13, os engenheiros agrônomos, Robson de Paula e José Carlos Madalóz, realizaram ensaios nas cidades de Ponta Grossa/PR, Mamborê/PR e Itararé/SP com objetivo de avaliar os efeitos do atraso da colheita nos principais parâmetros considerados para a cultura do milho. Veja os resultados a seguir:

 

Umidade

As colheitas iniciaram quando os grãos se encontravam com teor de umidade de aproximadamente 30%, repetindo, posteriormente, a colheita a cada 10 dias (gráfico 1).

 

Gráfico 1. Umidade. Fonte: Trabalho realizado pela Pioneer/Pesquisa Agronômica-PR

 

Observe que ocorreu uma redução considerável do teor de umidade, conforme o atraso da colheita.

 

Produtividade

A produtividade sofreu uma leve redução (gráfico 2).

 

Gráfico 2. Produtividade. Fonte: Trabalho realizado pela Pioneer/Pesquisa Agronômica-PR

 

Importante ressaltar que a colheita foi realizada manualmente, dessa forma, as possíveis perdas que poderiam ocorrer na colheita mecanizada devido ao quebramento de plantas não foram consideradas.

 

Quebramento

A exposição por longos períodos das plantas de milho já secas na lavoura, associada às chuvas e temperaturas, favoreceu o enfraquecimento do colmo e consequentemente a sua quebra (gráfico 3).

 

Gráfico 3. Quebramento. Fonte: Trabalho realizado pela DuPont Pioneer/Pesquisa Agronômica-PR

 

Grão ardido

O percentual de grãos avariados, sofreu considerável aumento com o atraso da colheita. Isto pode ter acontecido devido aos constantes processos de molhamento com as chuvas, o que propiciou condições favoráveis de umidade e temperatura para o desenvolvimento de fungos (gráfico 4).

 

Gráfico 4. Grão ardido. Fonte: Trabalho realizado pela DuPont Pioneer/Pesquisa Agronômica-PR

 

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Referências:

Nielsen, R. L.; Brown, G.; Wuethrich, K.; Halter, A.: Kernel Dry Weight Loss During Post-Maturity Drydown Intervals in Corn https://www.agry.purdue.edu/ext/corn/research/rpt94-01.htm, 1996.
Martinez-Feria, R.; Licht, M.; Archontoulis, S.: Corn Grain Dry Down in Field From Maturity to Harvest https://crops.extension.iastate.edu/cropnews/2017/09/corn-grain-dry-down-field-maturity-harvest, 2017.
Nielsen, R. L.: Grain Fill Stages in Corn. Purdue Univ. http://www.kingcorn.org/news/timeless/GrainFill.html, 2001.

 

 

FONTE: http://www.pioneersementes.com.br/blog/170/7-praticas-para-manter-a-qualidade-do-grao-e-evitar-perdas-na-colheita

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